Wiki Olimpédia
Advertisement

Seja um triângulo, com , , , , e . Considere o circunraio, ou seja, o raio da circunferência circunscrita. Então

Lei dos Senos

Quando Usar?[]

  • Quando você conhece a medida de dois dos ângulos de um triângulo, um dos lados e quer descobrir a medida de outro lado.
  • Quando você conhece a medida de dois dos lados de um triângulo, a medida do ângulo oposto a um deles e quer saber a medida do ângulo oposto ao outro.
  • Calcular o circunraio usando as medidas de um lado e o seu ângulo oposto (ou calcular uma dessas medidas utilizando o circunraio).

Exemplo[]

Sejam um triângulo e um ponto sobre o lado . Se , , , e . Calcule .

Solução: Seja . Para aplicarmos a Lei dos Senos no triângulo , é interessante considerarmos . Se aplicarmos ela,

Ao aplicarmos a Lei dos Senos também no triângulo e percebermos que ,

Como , segue que

O que está atrapalhando nas contas é o . Como podemos fazer ele sumir? Uma maneira é dividirmos por :

Exemplo (OMCPLP 2023)[]

Seja um ponto no interior do triângulo tal que , , e . Determine a medida do ângulo .

Solução: Na figura aparecem dois triângulos com um lado em comum e outro que tem a mesma medida nos dois , o que é uma boa oportunidade de aplicar a Lei dos Senos nos dois.

OMCPLP 2023 P2


Aplicando a Lei dos Senos nos triângulos e , temos que:

E que

Mas como , segue que:

Rearranjando essa equação, temos:

Como deve estar no interior de , a solução obtusa não convém, portanto .

Exemplo[]

Lei das Tangentes

Na figura, prove que

Observação: Esse resultado é chamado de Lei das Tangentes. Ele não é tão necessário, já que a Lei dos Senos faz o trabalho dela na maioria dos casos.

Solução: Sabemos, pela Lei dos senos, que

Como podemos usar essa igualdade na expressão ? Uma boa maneira é fazermos aparecer. Para isso, podemos dividir tanto a parte de cima quanto a debaixo da fração por :

Agora sim podemos usar . Ao fazermos isso,

Se multiplicarmos tanto a parte de cima quanto a debaixo da fração que aparece na direita por ,

Mas sabemos que e . Por isso,

E para fazermos aparecer e ? Como já aparecem e uma boa maneira é dividi-los por e . Para isso, vamos dividir a fração da última igualdade em cima e embaixo por :

Exemplo (OMCPLP 2015)[]

No triângulo , e são os pontos de interseção das bissetrizes dos ângulos e e com os lados e , respectivamente. Sabendo que é, também, bissetriz do ângulo , determine o ângulo .

(Existe uma solução desse problema que usa o Teorema de Menelaus).

Solução: Na maioria das vezes em que aparecem interseções de bissetrizes com lados, podemos usar o Teorema da Bissetriz Interna no problema para descobrir razões entre os segmentos. Aqui, podemos conseguir informações sobre se analisarmos os triângulos e , já que um deles tem e os dois têm o ângulo . Para facilitar a escrita, denominaremos , , e . Dessa forma, utilizando o Teorema mencionado, teremos:

Omcplp2015p1 senos


e .

Como pretendemos analisar , parece útil definir valores para e em função de . Podemos usar o fato de que na primeira proporção para obter:

Podemos substituir esse valor na segunda proporção para obter:

Feito isso, agora podemos usar a Lei dos Senos para finalizar o problema. No triângulo :

E, no triângulo :

Igualando as duas expressões e usando a identidade do seno da soma, teremos que:

Exemplo (Ibero 2018)[]

Seja um triângulo tal que e . Seja o ponto médio de . Escolhe-se um ponto na semicircunferência de diâmetro que contém . A circunferência circunscrita ao triângulo intersecta as retas e nos pontos e , respectivamente. Demonstre que .

Solução: Vamos assumir, sem perda de generalidade, que . Isso influencia na orientação dos ângulos que iremos tomar.

Analisando o pentágono cíclico , uma boa figura pode fazer parecer que e estão nas bissetrizes de e , respectivamente. Vamos provar que isso de fato acontece, e, para isso, precisamos encontrar ângulos de e transferi-los para e ; temos , mas, como é cíclico, . Usando o pentágono cíclico , teremos que (provando que está na bissetriz de ), e que , provando que está na bissetriz de .

Ibero2018p2senos (fixed)


Agora, podemos analisar os triângulos e , que têm bastantes coisas em comum: , , e eles têm os segmentos mencionados no enunciado: e . Além do mais, se olharmos um pouco mais a fundo, ainda usando o pentágono cíclico , teremos que os ângulos e são suplementares. Coisas em comum entre triângulos lembra semelhança, mas aqui eles não parecem semelhantes; o que não significa que não podemos relacioná-los: podemos usar a Lei dos Senos para relacionar as igualdades entre ângulos e segmentos, bem como o fato de e serem suplementares implicar que eles têm o mesmo seno. Usando, então, a Lei dos Senos no triângulo :

Mas, usando os fatos de que e de que e têm o mesmo seno:

Mas, se usarmos a Lei dos Senos no triângulo , obteremos que:

O que significa que , finalizando o problema.

Exemplo (IMO 1997)[]

O ângulo é o menor do triângulo . Os pontos e dividem o circuncírculo do triângulo em dois arcos. Seja um ponto no interior do arco entre e que não contem . As mediatrizes de e encontram a reta em e , respectivamente. As retas e se encontram em . Mostre que

Solução: Vamos calcular pela Lei dos Senos. Se considerarmos que está inscrito em e tomarmos o seu raio e ,

Uma ideia interessante aqui seria calcularmos e em função de coisas parecidas. Para isso, vamos calcular os ângulos de em função dos ângulos de e de .

Como pertence à mediatriz de , segue que e assim , de onde segue que . De modo parecido, como pertence à mediatriz de , podemos dizer que e assim e com isso . E ao usarmos que a soma dos ângulos do triângulo é e que ,

Agora sim podemos usar a Lei dos Senos no triângulo :

Mas temos um problema aí: não aparece o circunraio . Só que repare que conseguimos fazer aparecer e isso é igual a . De fato, se usarmos que :

Se combinarmos e :

Como na igualdade que queremos mostrar aparece , vamos somar essas duas últimas igualdades:

Mas sabemos que . Por isso,

Temos dois senos com expressões esquisitas. Se usarmos no primeiro seno que (para nos livrarmos de e e ficarmos somente com ) e que no segundo seno (para nos aproximarmos mais da expressão que aparece em ):

Observe que . Além disso, se usarmos que e que , poderemos concluir que . Assim a igualdade acima se reescreve como

Se compararmos com ,

Exemplo (OBM 2002 - 3ª Fase - Nível 2)[]

Seja um triângulo inscrito em uma circunferência de centro e um ponto sobre o arco que não contém . A perpendicular traçada por à reta intersecta em e em . A perpendicular traçada por e intersecta em e em . Prove as duas afirmações a seguir:

(a) é um triângulo isósceles;

(b) .

OBM2002q5

Solução:

(a) É mais fácil mexermos com ângulos do que com lados agora. Provaremos que possui dois ângulos de mesma medida. Façamos . Mostremos que .

É vantajoso pensar de trás para frente em alguns problemas de geometria. Considere o ponto de intersecção entre a perpendicular passando por e . Se calcularmos , podemos terminar o problema. Para isto, é suficiente determinarmos . Mas ele está um tanto longe de . Mas observe que, como , . Vamos determinar em função de já que ele está "perto" de . Considere o ponto de encontro de com . Então (pois eles são OPV), de onde segue que . Pronto. Agora, basta notarmos que e assim . Portanto, .

(b) Já que queremos uma multiplicação entre segmentos, é interessante falarmos sobre semelhanças. Como , talvez conseguimos em alguma semelhança que envolva e . Observe que . Parece então que e são triângulos semelhantes. Será? Para vermos isto, precisamos encontrar outras medidas de ângulos entre esses triângulos. Vamos olhar para os arcos que eles enxergam. Os ângulos e enxergam os arcos e , respectivamente. Podemos provar que eles são iguais? Sim: para isto, basta provarmos que . Note que o diâmetro é perpendicular a e assim passa pelo seu ponto médio. Com isso, é altura e mediana de e, portanto, este é isósceles de base , ou seja, . Logo, e assim os triângulos e são semelhantes pelo caso . Desta forma,

Como

.

Para terminarmos, basta mostrarmos que , isto é, . Como podemos fazer isto? Podemos encontrar alguma semelhança envolvendo estes lados? Parece que não dá para achar essa semelhança. Mas dá para envolver razões entre estes lados. Por exemplo, dá para usarmos o fato de que é um triângulo retângulo: e está na hora de chamar a trigonometria. Podemos, por exemplo, encontrar em função de . E quanto a ? Podemos usar a Lei dos Senos no triângulo e encontrar em função de . Qual a vantagem disso? É que escrevemos e em função de e , respectivamente. E isso é bom? Sim, pois podemos relacionar estes dois últimos usando trigonometria: basta aproveitarmos do fato de que é um triângulo retângulo.

Vamos colocar tudo isso na prática. Como é um triângulo retângulo e , segue que

.

Já se aplicarmos a Lei dos Senos no triângulo :

.

Considere . Dá para calcular em função de ? Considere o outro ponto onde encontra a circunferência. Qual a vantagem de colocarmos este ponto na figura? É que

Como é um diâmetro, segue que . Além disso, (pois ambos enxergam o mesmo arco). Assim,

Por isso,

.

Por e :

.

Para relacionarmos e , podemos pensar no triângulo que é retângulo e assim:

E quanto vale ? Observe que

.

Com isso,

.

Portanto,

.

Vamos encontrar a razão entre e : basta usarmos a Lei dos Senos no triângulo :

Como a soma dos ângulos internos do triângulo é , segue que . Desta forma,

.

Se compararmos e , provaremos que é igualdade verdadeira, o que resolve o problema.

Exemplo (Cone Sul 2011)[]

Seja um triângulo e um ponto sobre o lado . Se , e, além disso , encontre as medidas dos ângulos do triângulo .

Solução: Como podemos usar ? Observe que podemos fazer aparecer usando a área do triângulo. De fato,

Pela igualdade do enunciado,

Existe outra maneira de calcularmos a área do triângulo: envolvendo base e altura. Se considerarmos um ponto sobre o lado tal que é perpendicular a ,

Podemos ainda relacionar com . Para isto, observe que o triângulo é retângulo em e que . Assim

Se substituirmos em ,

Ao compararmos com ,

Observe que o lado esquerdo desta igualdade lembra a Lei dos Senos. Se aplicarmos ela no triângulo e considerarmos o seu circunraio,

Assim, . Para podermos usar melhor esta informação, é melhor sabermos onde está o centro.

Exemplo (OBM 2013 - 3ª Fase - Nível 2)[]

Seja um triângulo escaleno e a mediana relativa ao lado . A circunferência de diâmetro intersecta pela segunda vez os lados e nos pontos e , respectivamente, ambos diferentes de . Supondo que é paralelo a , determine a medida do ângulo .

Observação: Existe outra solução para esse problema na página de Conjugados Isogonais.

Solução:

OBM2013q5n2

Como é paralelo a , segue que os triângulos e são semelhantes pelo caso . Assim,

Precisamos encontrar outra maneira de relacionarmos esses valores envolvendo frações. Vamos encontrar mais informações sobre a figura.

Como é diâmetro, segue que . Já que apareceram ângulos de e queremos envolver frações, é interessante colocarmos trigonometria aqui nos triângulos e . Podemos relacionar e , mas desta vez usando trigonometria. Consideremos e .

A vantagem aqui é que .

Observe que

Analogamente

Seria legal se pudéssemos relacionar essas relações com e para podermos voltar a . Note que

Se usarmos estas duas últimas igualdades em :

Porém sabemos que se , então . Com isso,

Existe alguma outra maneira de mexermos com e trigonometria? Sim: pela Lei dos Senos:

Se compararmos e ,

Como e são ângulos menores que , segue que ou . A primeira possibilidade não pode acontecer, pois o triângulo não é isósceles. Assim , de onde segue que . Logo, .

Advertisement